Durante os anos de 1992 e 1993, a Itália enfrentava uma de suas maiores crises institucionais. Atentados a bomba orquestrados pela máfia resultaram nas mortes dos juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino. Gian Carlo Caselli, magistrado e juiz instrutor em Palermo à época, afirma que a morte de Paolo Borsellino não foi um simples ataque — foi uma execução estratégica ligada à tratativa entre o Estado italiano e a máfia.

Segundo Caselli, Totò Riina, chefe da Cosa Nostra, decidiu eliminar Paolo Borsellino por acreditar que o juiz impediria qualquer acordo com o Estado. Essa negociação visava, principalmente, reduzir a pressão sobre a organização criminosa e obter decisões favoráveis à sua sobrevivência e crescimento.

Esse contexto surgiu num momento de fragilidade das instituições, agravado pelos constantes ataques ao Judiciário e pelo assassinato do político Salvo Lima, aliado da máfia, que não defendeu a organização durante o famoso Maxiprocesso.

No entanto, o Estado reagiu. Ao invés de ceder às ameaças, endureceu leis, reforçou o combate às máfias e promoveu a prisão de Totò Riina em 1993. Desde então, os processos antimáfia se arrastam por décadas, revelando manipulações judiciais, falsas testemunhas e interferência política.

Atualmente, Gian Carlo Caselli continua denunciando essas relações perigosas. Em seu livro “O Estado Ilegal”, escrito em coautoria com Guido Lo Forte, ele expõe a conexão entre máfia, política e grandes negócios. A obra resgata episódios como o massacre de Portella della Ginestra, ocorrido em 1947, quando 11 pessoas foram assassinadas durante o Dia do Trabalho na Sicília.

Essa história mostra como o crime organizado se entrelaça com o poder, e como a coragem de poucos pode mudar o rumo de um país.

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